sexta-feira, 12 de junho de 2015

DIA DOS NAMORADOS
Aquele dono do mercadinho conhecia todos pelo nome e apelido, já que muitos freqüentavam ou freqüentaram o caderninho de fiado do seu mercado. Adorava quando algum freguês parava para conversar com ele sobre futebol, só não gostava que falassem mal do seu time, o Vasco da Gama. Gostava também que falassem de política, fora várias vezes convidado para vir candidato á vereador, mas, nunca aceitou, dizia que se saísse candidato perderia tanto os amigos como os fregueses devido achar que todo mundo ia lhe pedir alguma coisa em troca de voto. E aí a falência seria inevitável.
Mas a vida do pacato cidadão seguia em frente, de casa para o mercado e do mercado para casa sem alterar sua rotina, e continuava falando de futebol ou política e como sempre irritando as pessoas que esperavam impacientes na fila do caixa. E ainda tinha uns engrIaçadinhos que costumavam reclamar do preço, que deixava o cara irritado, fazendo com pegasse todas as notas fiscais dos produtos e mostrasse para o reclamante a sua baixíssima margem de lucro em relação aos concorrentes e isso fazia com que os fregueses protestassem com a demora da fila.
Um dia depois de ir ao banco pagar suas faturas, passou em frente a uma floricultura e resolveu dar uma olhada nas diversas espécies exposta na frente da loja.
- Bom dia. Disse a atendente da loja.
- As flores estão lindas e os preços estão ótimos. O senhor não quer levar um buquê? Domingo é o Dia dos Namorados e o senhor já podia encomendar um que entregamos em sua casa. A surpresa é sempre muito boa.
Depois de pensar um pouco, o cidadão pegou o talão de cheques e disse:
- Faz um buquê bem grande com essas flores aqui, gostei muito delas, e minha mulher como adora todo tipo de plantas e flores, com certeza também vai gostar.
No domingo a campanhinha soou cedo, era o entregador da floricultura com a encomenda. A dona da casa quando viu o enorme buque nas mãos do rapaz não acreditou, ficou pasma e perguntou:
- O senhor tem certeza que está no endereço certo?
- Estou sim dona, eu estava na loja quando seu marido encomendou as flores, ele pagou até com cheque.

Tá bom meu amigo, muito obrigado! Disse a mulher admirada e ao mesmo tempo decepcionada. Admirada porque seu marido nunca lhe dava flores e decepcionada pelo fato daquele enorme buque conter a chamadas flores de defunto.  

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