sexta-feira, 24 de junho de 2011

Festa de São João



CASAMENTO DA FESTA JUNINA

Em Barra de São João, durante a época das festas juninas, uma realmente fazia a diferença. A festa de São João. Era uma festa super concorrida em toda a região do Lagos, assim como a de São Pedro em São Pedro da Aldeia.
A festa de São João era famosa pela dança da quadrilha da cidade, levava dois meses sendo ensaiada por um senhor que se portava nesta época como estivesse dirigindo um espetáculo do porte da paixão de Cristo em Pernambuco, devido à rigidez com que ensaiava sempre aos gritos marcando os próximos passos a serem seguidos. Também era famosa a grande fogueira, que depois de queimar horas, os fiéis andavam pelas brasas na promessa de conseguir alguma graça ou simplesmente para demonstrar que de tanta fé que possuíam, não iriam se queimar, alguns de tão bêbados realmente não sentiam nada na hora, mas depois passavam dias sem poderem andar.
Em uma ocasião o Mazinho, um amigo recém formado em jornalismo, com uma veia poética aflorando e com uma mente super cômica e criativa, resolveu escrever o roteiro de como seria o casamento na roça daquele ano. Mas não poderia de forma alguma chegar aos ouvidos do dirigente da dança de quadrilha, porque ele com certeza jamais iria permitir algo fora do seu roteiro.
Depois de alguns ensaios, sobrou para mim o papel de padre e um amigo chamado Batista seria o sacristão, e que toda a vez que ele abria a boca, todos falavam. – Cala á boca Batista. Teria também fotógrafo com sua maquina fotográfica Lambe-Lambe, delegado, mãe e pai da noiva, e a personagem principal, a noiva é claro.  
A fala da noiva consistia em durante a cerimônia do casamento ficar perguntando a mãe se ela já podia soltar a pomba, que logo era respondida pela mãe. - Ainda não minha filha.
No tão esperado dia, todos resolveram se reunir na casa de um dos participantes para colocarem as indumentárias. Eu conseguir emprestado uma batina do padre da cidade, um italiano super gente boa.
Depois de tudo pronto com a carroça que levaria a noiva, o cavalo e carroceiro devidamente paramentados, e todo mundo com muitas cervejas e whiskys na cabeça, resolvemos botar o bloco na rua, digo, o casamento.
Depois de rodar algumas ruas da cidade ao som muitos morteiros, seguimos em direção ao local da festa na Praça das Primaveras.
Ao chegarmos ao palco onde seria realizado o casamento, demos de cara com o chefe da dança, que ao ver o estado geral dos componentes arrancou a estrela de xerife que ele usava nas festas e disse: Acabou para mim chega, se vocês querem bagunçar minha quadrilha vão bagunçar sem mim, eu não vou marcar dança nenhuma.  E se retirou em seguida amaldiçoando todo mundo.
E o casamento continuou, com a maquina do Lambe-Lambe disparando uma explosão de pólvora seca de cinco em cinco minutos clareando tudo, e no final mais uma vez a noiva perguntou: Mãe posso soltar a pomba agora? E a mãe respondeu: Agora que tu ta casada pode, solta logo essa pomba. E a noiva tirou uma caixa que estava embaixo do vestido e soltou uma pomba branca, para o delírio da multidão presente a praça. E em seguida a noiva desceu correndo para procurar um banheiro devido às cervejas ingeridas, e é lógico que não deu tempo. Com a quantidade de xixi que a moça fez na calça, dava para apagar a fogueira de São João.

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