CARTAZ NA MESA DO BAR
A rotina daquele homem era a mesma há muitos e muitos anos. Chegava silenciosamente todo fim de tarde ao bar onde era freguês antigo, sentava a mesma mesa, pendurava seu guarda-chuva no encosto da cadeira ao lado, acendia o cigarro sem filtro com o velho isqueiro Zippo e tirava o livro guardado de dentro da pasta surrada. Não precisava nem olhar para o garçom para fazer o pedido, em menos de um minuto já vinha o uísque sem gelo em um copo baixo e o cinzeiro bem grande.
Durante um período de duas horas, enquanto viajava pelas páginas do livro sorvia a sua bebida em meio a generosas baforadas do cigarro sem incomodar-se com nada ou ninguém, até que um dia sua paz foi interrompida abruptamente por um vendedor de amendoim que ousou ultrapassar o limite da mureta que separava as mesas do bar e a calçada para lhe oferecer o produto.
- Vai um amendoim torradinho e quentinho aí patrão? Disse com medo de ser enxotado pelos os garçons.
Sem olhar para o ambulante, e sem pronunciar nenhuma palavra, fez sinal para o garçom pedindo a conta, sendo prontamente atendido. Foi embora sem olhar para trás. E nos dias que se passaram, aconteceram outras tentativas de venderem algo ao cidadão, o que fez tomar uma atitude radical.
O cidadão resolveu inovar, antes de sentar a mesa, tirava uma placa de dentro da pasta e colocava virada para a rua em cima da mesa que continha os seguintes dizeres:
NÃO GOSTO DE AMENDOIM
NÃO JOGO NA LOTERIA
NÃO GOSTO DE POBRE
NÃO SOU SEU PAI PARA DAR DINHEIRO
NÃO DOU CIGARRO
NÃO PAGO BEBIDA
NÃO QUERO COMPANHIA
NÃO DOU INFORMAÇÃO
NÃO COMPRO NADA
E SE INSISTIR LEVA BENGALADA
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