sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011


INCÊNDIO NA COBERTURA 

Nos anos 80 Ipanema ainda respirava cultura vinte quatro horas. Onde freqüentar o antigo Bar Veloso, que virou Bar Garota de Ipanema, na antiga Rua Montenegro que virou Rua Vinícius de Morais era quase uma religião, e daquelas bem radicais que exigia a presença dos religiosos, digo, freqüentadores total assiduidade.
A galera se reunia no Bar de segunda a quinta-feira, já que de sexta-feira a domingo o local era tomado pela galera além túnel Rebouças e o lugar ficava impraticável.
Depois de alguns chopes e porções de frango à passarinho começavam as discussões para traçar o destino a ser tomado pela procissão etílica, que como sempre acabava no Baixo Leblon. No restaurante Degrau, no Diagonal, Jobí, Luna ou Pizzaria Guanabara já com o dia começando a clarear.  
Em certa ocasião, um dos freqüentadores do Bar, resolveu dar uma festa em sua cobertura na Rua Toneleiros. Naquele tempo não tinha esse negócio de bala perdida. Inclusive a galera do morro que fica próximo sempre dizia: Vizinho não rouba vizinho. Era uma tranqüilidade andar por Ipanema.
Mas voltando a estória da festa, foi o seguinte: Começou numa quinta-feira, e logo foi se espalhando à notícia por todo o bairro que a festa estava maravilhosa, muita mulher bonita, muita comida e também, é claro, bebida a vontade. Durante os dias que durou a festa, ou seja, quinta, sexta, sábado e domingo passaram pela casa acho eu mais de trezentas pessoas.
No domingo com a galera ainda a todo vapor, aconteceu o inusitado. Um maluco que morava no terceiro andar chega à cobertura quase sem fôlego, (já que subiu até a cobertura pelas escadas) gritando:
- Galera, o prédio esta pegando fogo, e eu vim morrer com vocês, porque sem vocês eu não vou conseguir viver, eu amo vocês. E em seguida saiu abraçando todo mundo.
O pessoal até pensou que o cara tava de sacanagem, já que ele estava muito doido, mas ao chegarem à sacada da cobertura e olharem para baixo foi um espanto geral. A rua estava interditada, cheio de carros de bombeiros, e com moradores com trouxas de roupa que conseguiram sair do prédio.
Gente, o barulho era tanto e o grau etílico tão alto, que ninguém percebeu o incêndio no 5º andar.
Para finalizar a estória, o que eu tenho a dizer é o seguinte: Depois dos bombeiros mandarem evacuar a galera da festa, ou seja, as últimas pessoas que estavam no prédio, ainda houve um lance muito engraçado. O síndico do prédio chamou o dono da cobertura para falar de um abaixo assinado dos moradores, e prontamente ele foi logo dizendo:
- Abaixo assinado é comigo mesmo. E saiu assinando antes de saber que o mesmo além de ser para acabar com a festa notificava da multa aplicada. 

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