BLITZ NA LAGOA
Nos finais de semana era comum acontecer uma blitz da Polícia Militar próxima a Curva do Calombo na Lagoa Rodrigo de Freitas. A intenção dessas operações era para coibir os pegas que ali aconteciam e também pegar a galera que já tinha ultrapassado os limites nas mesas dos botecos da região.
Um dia eu estava indo para Ipanema e lá estava à maldita operação em andamento, era por volta das vinte e duas horas, aquilo era chatíssimo, formava-se um engarrafamento enorme e os caras não estavam nem aí, mandavam descer do carro pegavam os documentos e iam averiguar através do rádio se o veículo tinha alguma bronca, e a galera que tinha suspeita de ter tomados umas e outras, ficavam andando em fila indiana em cima de uma fita amarela que devia ter uns cinqüenta metros de comprimento, num período de meia hora, segundo eles, era o tempo necessário para passar o efeito do álcool, sinceramente eu não sei se isso foi descoberto pelo departamento de pesquisas da polícia militar.
Ficar caminhando para lá e para cá em pleno sábado na lagoa era o maior mico que alguém podia pagar, tanto que enquanto a galera caminhava em cima da fita, fazia questão de tapar o rosto para não ser visto pelos carros que passavam, mas mesmo assim alguém via e o cara virava motivo de gozação à semana toda.
Durante este período de detenções e liberações, aconteceu um fato insólito. Um cidadão com uns sessenta e poucos anos de idade, teve seu veículo parado por estar com um farol apagado. O cara grande e gordo, e muito branco, estava com os olhos e o narigão super vermelhos e muito doido. Quando o policial pegou os documentos de habilitação dele, juntamente com os do veículo e foi conferir, ele entrou num táxi e foi embora.
Quinze minutos depois o cidadão voltou escoltado de três carros da polícia civil, com policiais bastante armados para prender os ladrões que estavam assaltando na Lagoa. O cara era alemão, e alegou que a polícia não podia pegar a carteira dele, já que ele tinha demorado em achar a habilitação, e ele considerou aquilo como roubo e partiu para a delegacia para dar queixa.
No momento seguinte o comandante da operação gritou:
- Todo aqui agora pegando seus documentos e sumindo da minha frente o mais rápido possível, isso era para uma coisa séria e virou palhaçada.
Eu acredito que depois desse episódio, a galera se sentiu aliviada, devido o comandante nunca mais efetuar nenhuma blitz naquele local, já que o alemão beberrão e encrenqueiro morava próximo dali.
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