O COVEIRO
O coveiro da cidade era uma verdadeira figuraça. O cara era um fã incondicional de umas doses da maldita branquinha durante a maior parte do dia.
Em determinado final de semana o houve um jogo de futebol do campeonato municipal, e como é normal em cidades pequenas os jogadores se reúnem depois do término da partida com os torcedores para o tradicional churrasco regado a muitas cervejas geladas.
Após ter findada a confraternização já com o sol indo embora, um grupo entrou num carro que partiu em direção ao bairro onde residiam, mas infelizmente no meio do caminho ocorreu uma fatalidade. Um veículo que vinha na direção contrária fez uma ultrapassagem e colidiu de frente com o carro dos amigos e um deles veio a falecer. A notícia do ocorrido logo se espalhou pela cidade, e houve uma comoção geral, já que o rapaz era bastante estimado por todos. A noite houve uma grande concentração de pessoas no velório do rapaz, mesmo caindo uma chuva fina, mas constante que só parou ao amanhecer.
Quase na hora do enterro, o coveiro que já tinha tomado algumas, encontrava dificuldade para cavar a cova, já que devido a chuva da noite anterior o solo estava úmido e desbarrancava o tempo inteiro, e a solução foi cavar bastante para os lados para pode descer o caixão em segurança. Mas nada disso adiantou. Enquanto duas pessoas que seguravam a corda de um lado liberavam a descida aos poucos, outras duas deixaram escorregar a corda e o solo cedeu, e foi preciso que o coveiro descesse para acertar o caixão que estava quase de lado.
Depois de ter colocado a urna funerária no seu devido lugar, o sujeito se preparava para subir, e mal colocou o pé no primeiro degrau ouviu alguém dizer:
- Vai com Deus meu amigo! E levou um monte de areia na cabeça. E em seguida gritou:
- Eu ainda não morri não seu filho de uma rapariga.
Acredito que o único a não cair na gargalhada foi o defunto.
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