PROCISSÃO MARÍTIMA
Lá pelos fins dos anos oitenta, eu participei pela primeira vez de uma procissão marítima em Armação dos Búzios, Município do Estado do Rio de Janeiro. Como não sou católico, nunca tive interesse de participar de nenhum tipo de procissão, mas aquela era uma procissão diferente, procissão em homenagem a São Pedro, o santo padroeiro dos pescadores.
Toda a preparação da procissão começava nas primeiras horas da manhã, havia dezenas de barcos de todos os tipos e tamanhos, enfeitados com bandeirinhas multicoloridas, já que todos pescadores queriam que seu barco fosse o mais bonito e mais animado da procissão, e era uma honra enorme para o pescador escolhido para levar a imagem do santo em sua embarcação.
Enquanto preparavam os barcos, o churrasco era regado a muita cerveja, caipirinha e a velha branquinha, para os que eram chegados a uma bebida mais forte. Isso sem falar no foguetório escutado incessantemente o dia inteiro.
Quando se iniciou a procissão, com os barcos lotados, muitos pescadores choravam emocionados, já que eles se consideravam também homenageados.
Tinha um barco no meio da procissão, que estava lotado de bebuns. Os caras entornaram o dia inteiro, e ainda encheram o barco de todos os tipos de bebidas e foguetes, e foi um destes foguetes, mais conhecido como flecha que arremessado do barco dos malucos, subiu, subiu, subiu e quando desceu, caiu justamente em cima do São Pedro arrancando-lhe a cabeça.
Foi uma confusão geral, já que para muitos devotos, aquilo significava um mau presságio, ia faltar peixe, iam acontecer naufrágios e todos os tipos de coisa ruim que um pescador e sua família não querem que aconteça. E assim a procissão teve de ser interrompida.
Mas o pior aconteceu em terra firme. Quando se descobriu os autores da tragédia, eles logo foram cercados pelos os devotos completamente irados com o acontecido, que para eles foi uma grande tragédia para o povo católico e pescadores, e a confusão se espalhou por várias ruas da cidade.
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