FIAT UNO DO MICA
Muitas pessoas em Búzios devem estar sentindo a falta pelas ruas da cidade, do “Transformer”. Para quem não o conhece por esse apelido carinhoso, lhes direi quem é agora. O Transformer é simplesmente aquele Fiat branco cansado de guerra do mercado do Mica. Aquele que em 1995 emancipou-se da concessionária e veio para Búzios, elegendo o Mica para ser o seu Prefeito. Antes deste Fiat Uno, o Mica já tinha possuído outro carro da mesma marca, mas ainda nem sabia dirigir, o que veio acontecer depois a bordo do valente Transformer, fosse arranhando marchas, batendo com pára-choques em outros carros e também tirando finos milimétricos dos postes da cidade.
O valente carro, um dos últimos fabricados com o motor 1.5, trabalhou durante anos para o mercado, entregando compras para pousadas, restaurantes, quiosques de praia, vereadores, prefeitos, deputados, senadores, ou artistas de cinema e televisão. Acho até que o seu dono deveria reivindicar sua entrada para livro Guiness dos recordes, porque deve ter sido o carro que mais entregou cestas básicas compradas no mercado. Serviu para quebrar galhos de amigos, tipo carregar gelo para festas, cimento para alguma obra rápida, cachorro doente para o veterinário, bebum para o posto de saúde, bolo para casamento, carona para estudante que não conseguia e não consegue até hoje entrar direito nos ônibus e vans, e até participou de algumas despedidas de sogra de partida para o Morro de Santana.
Acredito-me que somente dois veículos tiveram uma vida tão doida em Búzios, O Transformer, e o primeiro Gurgel do Marcelo do Peru, que não agüentou mais o dono e num ato de desespero cometeu suicídio ateando fogo em si na calada da noite.
Mas infelizmente em um determinado dia, cansado de fugir durante anos da infinidade de buracos das ruas da cidade, o velho carro resolveu entrega-se sem reagir a um guardião responsável pela boa aparência veicular do Município, e foi levado até um depósito de veículos em situação irregular. Acredito que já devia está sendo alvo de alguma denuncia anônima, tipo ser uma séria ameaça a disseminação de tétano, ou estar contaminando com ferrugens carros novos e importados, e quem sabe causando poluição visual, devido aos adesivos já quase inelegíveis que carregava nas portas laterais com o nome do comércio no qual prestava serviços.
Muitas pessoas já sofrendo de saudades precoces foram-se despedir, tirar uma foto no depósito de veículos apreendidos, quanto antes fossem melhor, pois não existia uma data definida do próximo leilão. O dono do carro colocou um cartaz na porta do mercado, pedindo para não levarem flores, pedia também o não comparecimento de pessoas em carros e motos velhas sob o risco de voltarem a pé, e principalmente as que não agüentam emoções fortes, já que o depósito não conta com serviço de ambulância, embora algumas que andam circulando deveriam também estar fazendo companhia ao velho Transformer.
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