quarta-feira, 21 de setembro de 2011



PRETA VELHA


Em Barra de São João, distrito do Município de Casimiro de Abreu nos anos oitenta havia diversos times de futebol, entre eles o glorioso Palmeiras cuja sede ficava as margens do Rio São João.
O comandante do esquadrão verde era um cidadão chamado Amâncio. Que era o Presidente, técnico, patrocinador e também massagista. Além de Contabilista, sua verdadeira profissão.
Em certa ocasião, fui convidado para o cargo de tesoureiro, (mesmo sendo torcedor do Uirapuru Futebol Clube, que no escudo da camisa tinha um desenho de um Bem-te-vi) que incluía também ser cobrador dos sócios inadimplentes, devido o clube andar mal das pernas financeiramente.
Na cidade vivia (e ainda vive um) um rapazinho de um metro e meio de altura conhecido como Papum. Escurinho, gozador, um bom tocador de surdão e que não precisava ser convidado para festa alguma, já que ele era o maior penetra da cidade. O Amâncio era casado com a dona Landa, cozinheira de mão cheia que matava a fome do time do Palmeiras inteiro nos domingos de futebol.
Num certo domingo a dona Landa teve que visitar uma parenta que estava doente e não pode preparar a gororoba da rapaziada, que além de deixar o time chateado e com fome, deixou também o Presidente muito brabo e sem falar com a esposa durante três dias.
A dona Landa tentou fazer as pazes com o marido, mas ele estava irredutível, então ela pensou: Já sei como agradar o Amâncio, vou fazer o prato favorito dele: Guando com Paio e farofa de banana verde. E foi para o mercado comprar os ingredientes.
Durante a manhã de sábado ela preparou a comida, deixou em cima do fogão e foi procurar o Amâncio. Depois de uma hora de busca encontrou o marido ainda carrancudo e lhe falou carinhosamente:
- Amâncio vai para casa que eu tenho uma surpresa para você. Chegando a casa ela foi dizendo:
 - Vai ao fogão que a surpresa está lá. Quando o sujeito tirou a tampa das panelas, ficou possesso.
– Landa, que brincadeira é esta? Não tem nada aqui. E saiu furioso rua a fora, o que deixou a mulher completamente desnorteada, sem saber o que havia sucedido. Mas pensando com seus botões, lembrou que sábado era dia da Preta Velha, que vinha de longe fazer suas rezas, arranjar casamentos, trazer a pessoa amada de volta, curar espinhela caída e fazer também suas mandingas.
No horário marcado, oito horas da noite, a velha adentrou a cozinha de Landa, e já sabendo do ocorrido, e foi logo dizendo:
- Mi si fia, crê no que digo, quem roubou a Güiça de Manso vai entrar pela quela porta.  Mal ela acabou de falar, entra na cozinha o rapaz citado anteriormente conhecido como Papum.
A velha falou imediatamente:
-Taí o ladrão da Güiça de Manso mi si fia.
 O Papum não teve tempo nem de se defender, já que dona Landa cobriu o Papum de paneladas enquanto a velha metia um cabo de vassoura no coitado, que ficou com uma fama de ladrão de lingüiça por muitos e muitos anos.




Nenhum comentário:

Postar um comentário