segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Motor



MOTOR TURBINADO 

O cidadão tomava todas. Com ele não tinha tempo ruim e nem tempo bom, o cara praticava o levantamento de copo o dia inteiro, e só parava quando não agüentava mais, aí era só encostar-se a algum lugar e dormir até dizer chega.
Sua família era bem tradicional na cidade, e cansada da vida que o cidadão levava,fizeram uma reunião entre os parentes e resolveram dar um basta naquela situação. Tinham que internar o ente querido antes que fosse tarde demais.
Depois de muito pesquisar sobre tratamentos em diversas clínicas, conseguiram uma na cidade de Niterói com tratamentos modernos e diferenciados em relação às outras.
Levaram um tempão para conseguir convencer o sujeito que era agora ou nunca, ou tratava ou morria, já que algum tempo atrás ele tinha tomado um porre e dormiu na beira do rio e uns catadores de goiamum que também já tinham tomado todas, quando botaram o feixe de luz da lanterna na beira do rio, pensaram que era um jacaré e quase caíram de paulada em cima do bebum. Sua salvação foi um deles não estar tão bêbado e ter sabido diferenciar.
Depois deste episódio, o cidadão resolveu aceitar finalmente os apelos da família, mas com uma condição: Ele iria dirigindo o veículo da família, uma Kombi, até Niterói, o que foi aprovado por unanimidade.
No dia marcado as 06 h da matina, saiu a “Caravana bebida nunca mais” com o cidadão ao volante.
Os primeiros vinte quilômetros da viagem de mais ou menos cento e cinqüenta, foram uma maravilha, mas a partir daí começaram os problemas quando o motorista falou:
- Esse motor está com um barulho estranho, ninguém desse que eu vou ver o que é. Olhou e depois retomou o volante e seguiram viagem.
Andaram mais uns trinta quilômetros e novamente, segundo o motorista, voltou a fazer barulho o motor, e foi de novo ver o que estava acontecendo, sem deixar ninguém descer, pelo perigo da estrada.
Depois de algum tempo de viagem, resolveram parar para tomar um café em uma lanchonete de um posto de gasolina, enquanto o motorista verificava o motor da Kombi.
Ao retornarem a estrada para continuarem sua missão, notaram que o motorista estava ficando meio alegre, como seria possível já que ele não havia bebido nada ainda? Todos eram testemunhas. Mas alguém ficou desconfiado dos barulhos seguidos do motor.
Quando estavam chegando próxima a cidade de Niterói, o cara nessa altura do campeonato arrastando a voz e com soluço, Disse:
- Niiiiiiiiiiiiiiguém  desce, Hic.. Euuuuuuu vou ver o motor. Hic.
Quando ele desceu, todos também desceram e foram atrás, que para surpresa de todos e para vergonha do bebum, descobriram o que estava acontecendo. O cara tinha duas garrafas de cachaça guardadas no motor da Kombi, sendo que uma já estava a um dedo do fim.  

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