terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Candidato Pobre


Candidato Pobre 

Em ano de eleições em cidades pequenas, acontece de tudo que se possa imaginar e até fatos inacreditáveis, como o ocorrido em um Município do interior do Estado do Rio de Janeiro.
Durante a campanha política a cidade se transforma, não falta nada que o eleitor precise. Sejam remédios, cimento, tijolo, botijão de gás, camisas de time de futebol, carne para churrasco, bebidas para qualquer festa, padrinho de casamento e batizado, operação, emprego e até caixão. Só que essa bondade se estende somente até o fatídico dia da eleição. Passando esse dia o pobre do eleitor volta a comer ovo, e acabam-se os apertos de mão, abraços, e o cidadão que era ator principal, só resta rezar para que se cumpra pelo menos 1% das promessas de campanha.
No Município onde se passou esta estória, havia dois candidatos a Prefeitura: Um era um fazendeiro cheio de grana que aonde ia levava sempre junto uns vinte homens. Uns moradores da cidade diziam que eram jagunços, outros diziam que eram seguranças, e o “Coronel” falava: - São meus fiéis correligionários.
O outro candidato era um cidadão humilde que vivia da terra, mas, muito querido pela população local.
O comício do “Coronel” era muito animado, já que ele contratava grupos musicais de grandes centros, além de distribuir churrasquinho no espeto, bebidas, pipocas, e no final do comício sempre havia sorteios de ferro elétrico, ventilador, liquidificador, rádio, bicicleta, fogão. E se o comício tivesse bem lotado, quem sabe uma geladeira.
No do candidato pobre, só iam às pessoas que realmente acreditavam que só haveria mudanças se o elegessem.
Devido à iminente derrota, o agricultor candidato resolveu fazer um desafio ao seu oponente. Seria o seguinte: Os dois fariam o último comício na praça da cidade. O que foi prontamente aceito pelo oponente, que se encarregou inclusive de contratar o maior caminhão de som de toda a região, que tinha mais ou menos uns quatro metros de altura.
Finalmente chegou o dia do último comício permitido pela Lei Eleitoral. A praça completamente lotada havia gente até de outros Municípios para acompanhar o maior debate político de todos os tempos.
Por sorteio feito na hora, o primeiro a falar foi o candidato “Coronel”, que depois falar quase uma hora, encerrou assim o seu discurso: - E para terminar, com certeza que o povo está comigo, eu vou me jogar daqui de cima e sei que cairei nos braços do povo.
Só que ele tinha combinado com os seus seguranças para o segurarem quando ele se jogasse, e foi o que aconteceu. Quando se jogou, os seguranças o apararam e o saíram levando nos ombros pelo meio da multidão que gritava e aplaudiam entusiasticamente.
O candidato seguinte não tinha muito que falar, além de não dominar bem a língua portuguesa, já que mal sabia ler, não tinha promessas mirabolantes a fazer.
Passado pouco menos de trinta minutos, ele encerrou seu discurso dizendo que faria o mesmo que seu oponente, também se jogaria de cima do caminhão e que o seu povo não o deixaria que chegasse ao chão. E se jogou.
O saldo desta confiança no povo ficou negativo, já que ele quando se jogou, os seguranças do “Coronel” saíram empurrando todos que haviam corrido para segurá-lo, e o coitado foi direto de cara no chão.
Além de quebrar pernas e braços, o pobre do candidato pobre perdeu feio a eleição.

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