COMÍCIO

Nos anos 80 morava em uma comunidade carente do subúrbio do Rio de Janeiro, um cantor muito popular devido seus sambas retratarem o dia a dia do povo suburbano e as malandragens do povo Carioca.

Devido o cara ser bastante conhecido, não só em sua comunidade, mas já despontando para a fama graças a diversas aparições em programas de televisão, alguns expertos resolveram que o cara tinha que se candidatar a uma vaga de Vereador nas próximas eleições. A princípio o cidadão não quis nem conversa.  Ele ia logo dizendo: - Meu irmão, o meu negócio é cantar, e ia saindo de fininho. Mas passado algum tempo e depois de muita insistência ele topou ser candidato. Mas com uma condição: A música da campanha era ele quem iria fazer e também só iria subir no palanque quando o comício fosse em sua comunidade.

Passado uns tempos o cidadão já havia se transformado em um verdadeiro político, andava pela rua cumprimentando todo mundo, pagando uma cachacinha ali, distribuindo doces e até pegando criançinhas no colo.

Alguns meses depois chegou o grande dia, o cara acordou cedo e logo começou a panfletar pelas ruas e convidar a todos para o grande evento que aconteceria naquela noite.

Como o sujeito era o candidato local, ficou combinado que ele seria o último candidato a falar antes do candidato à Prefeito. Nesse meio tempo, o cara que era nervosismo puro resolveu toma uma cachacinha para relaxar, e tomou outra e mais uma e mais outra e quando chegou a hora dele falar, tinha esquecido todo o seu discurso. Ele subiu no palanque com certa dificuldade, olhou para a multidão gritando seu nome e começou a falar com a voz meio arrastada:

- Meu povo, vocês tem água? E o povo respondeu: - Nãoooooooooooooooooooooooo.

- Vocês têm Hospital? E o povo. Nãooooooooooooooooooooooooooooooo.

- Vocês têm Escola? E o povo... Nãooooooooooooooooooooooooooooooo.

- Vocês têm segurança? E o povo. Nãooooooooooooooooooooooooooooooo

 - Vocês têm emprego? E o povo.    Nãooooooooooooooooooooooooooooooo

Então porque vocês não se mudam desta merda.

Recebeu a maior vaia de sua vida e até hoje ele não sabe quantos votos teve, encerrando assim sua meteórica carreira política.