VERNISSAGE EM COPACABANA
A galeria estava lotada na vernissage coletiva que acontecia naquela noite. Aliás, só se ver galeria de arte cheia no dia da inauguração, devido as bebidas servidas e o canapés, porque neste dia poucos são os que querem ver e entendem de arte. Naquela inauguração, diversos estilos de artes e artistas plásticos expunham suas obras e aconteciam performances de vários grupos ao mesmo tempo.
O que me chamou atenção foi um grupo amigos de uma artista cujo tema das suas obras expostas era Urubu também é Rei, que a todo o momento soltavam um bando de patos pela galeria e saiam gritando atrás das aves que faziam um barulho enorme, além de sujarem quase tudo com suas fezes. O grupo além de fazer com que, devido o mau cheiro, várias pessoas fossem embora, atraiu a atenção da imprensa para artista amiga deles e foi notícia em alguns jornais no dia seguinte.
Depois de deixar o prédio, segui caminhando pela Barata Ribeiro para me recuperar da loucura antes curtida e aproveitar para tomar um chope naquela agradável noite de sábado.
Ao parar no sinal para atravessar a rua fiquei observando uma menina que vendia doces junto a um grupo de meninos quando o sinal fechava para os carros. Ela abordava os motoristas, muito diferente dos outros. Enquanto eles chegavam gritando.
- Compra uma bala aí Tio, não quer não? Então me dá uma moeda aí.
E caso não tivessem sucesso, gritavam palavrões, chutavam os carros e saiam correndo.
A menina não. Ela chegava e perguntava se alguém tinha um dinheiro sobrando para poder comprar uma bala, na verdade um saco de balas, e com a negativa desejava um dia seguinte melhor e que ia torcer para que sobrasse que ela estaria ali esperando.
Entre a artista da galeria e a arte da menina na rua cujos refletores eram os faróis dos carros e que os seus críticos não eram de sua arte e sim do seu meio de vida, meus aplausos naquela noite foram para menina.
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