quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011


Mulher intragável

O ônibus pára no ponto devido o aceno feito por uma senhora com olhos bem verdes, loira com uns quarenta anos de idade e sua filha, uma adolescente de uns dezesseis, ambas bem gordinhas, e com muito suor escorrendo pelo rosto devido o forte calor que fazia.
- Motorista! Este ônibus vai para Cabo Frio? Perguntou a mulher em voz bastante alta.
- Vai sim senhora.
Quanto tempo leva para chegar?
- Mais ou menos uns quarenta minutos.
- O senhor trabalha nisso há quanto tempo?
- Três anos minha senhora.
- Em primeiro lugar eu não sou sua senhora, então pare de me chamar assim, e em segundo eu diria que acho um absurdo o senhor trabalhar a três anos neste ônibus e não saber quanto tempo leva para chegar a Cabo Frio.
- Mas minha senhora... Dizia o paciente motorista quando foi interrompido.
- Eu já falei que não sou sua senhora, e não me interrompa quando eu estiver falando, apenas estou lhe dirigindo a palavra porque é a primeira vez que vou de ônibus a Cabo Frio, isto devido à incompetência da porcaria de mecânico que arrumei nesta cidade e que me deixou a pé.  E se deslocou junto com a filha para a parte de trás do coletivo para em seguida ocupar os dois lugares juntos que estavam vagos.
Duas paradas de ônibus à frente o coletivo parou para o embarque de mais passageiros juntamente com um bando de barulhentos estudantes. O que fez a mulher se deslocar rapidamente na direção do motorista para pedir providencias em relação ao barulho.
- Motorista! O senhor tem certeza que aquilo que entrou no ônibus são estudantes? Estudam o que?  Que professoras devem ter heim? Tá escutando a musica horrorosa que estão ouvindo? Não são proibidos aparelhos sonoros em ônibus? A Lei não vai ser respeitada?
- Senhora!  Por favor! Se acalme e sente-se no seu lugar. Pediu o motorista.
- O senhor tá defendendo a baderna, com certeza o senhor deve ter estudado nesta escola e devia ser um bagunceiro igual a eles também. E foi se sentar junto com a filha, que a essas alturas suava mais ainda, mas não pelo calor e pela vergonha devido às atitudes de sua mãe, que continuava a reclamar de tudo e de todos.
- Olha aqui minha filha! Eu só estou indo a Cabo Frio para evitar que aquela sua tia apareça junto com aquele bando de sovinas lá em casa, ainda bem que eu disse que estamos numa pousada, porque senão eu teria que hospedar aquela raça toda e ainda ter que dar comida. Que cambada de muquiranas! Assim é fácil viajar, não coçam o bolso para nada...
Alguns quilômetros depois, os estudantes fazem sinal para descerem do ônibus, e da mesma forma que entraram bagunçando também saíram, e ainda pediram aos presentes no coletivo uma sonora vaia para a loira gorda e chata. O que fez a mulher se revoltar ainda mais, e praguejar contra todos e ainda perguntar em voz alta, como um lugar feio daquele poderia se chamar Jardim Esperança. E ainda mais tendo como moradores aqueles alunos mal educados que a única esperança que lhes resta e viver até os vinte anos e depois morrer nas mãos da policia. E tome vaia na mulher gorda.
Ao subir a ponte para atravessar o canal a mulher perguntou em volta alta.
- Gente falta muito ainda para chegar ao centro? Depois de um silencio alguém resolveu responder.
- Agora falta pouco, é só cruzar o canal que chegamos.
- Finalmente está terminando o meu martírio, eu já não estava agüentando mais.
Ao parar o coletivo as pessoas começaram a descer e a mulher e a filha ficaram paradas, fazendo o trocador perguntar.
- Vocês não vão descer? Já chegamos ao centro.
- O quê? Esta coisa horrorosa aqui é o centro? Cadê a Praia do forte.
- Senhora. Vocês vão ter que seguir caminhando até lá, e vou logo avisando que é longe pra caramba. Deixando a mulher ainda mais indignada ao ponto proferir em alto volume vários palavrões. Fazendo com que o motorista arrancasse com o ônibus deixando as duas a ver navios. Ops! Ver o ônibus ir embora.

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