PÉS DE SALSA

Aquele casal de intelectuais cansado da cidade grande tinha resolvido se estabelecer naquela pequena cidade do litoral para iniciar uma nova vida, e dar uma nova chance para o casamento que já dava aparente sinal de desgaste.

Como tudo quando é novidade é bom, a nova vida seguia de vento em popa. As novas amizades faziam questão da presença deles em qualquer acontecimento na cidade, fosse festa comemorativa, cultural, aniversários, casamentos. Afinal era difícil, pessoas de determinado grau de instrução morarem naquela cidade, e ambos eram agora professores de seus filhos, sobrinhos ou netos.

Mas com o passar do tempo, voltaram às brigas, as cobranças e principalmente a falta de diálogo entre os dois, quando um chegava a casa o outro saía, e depois de uma conversa resolveram que já estava na hora de cada um ir para o seu lado. Mas quem deixaria a casa? Sobrou para o cidadão sair e procurar uma casa para ele. Passado uns dias, de malas prontas o sujeito partiu para sua nova residência.

Um mês depois, a moça agora separada tinha arrumado um namorado e o levado para mora com ela, e para comemorar o novo relacionamento, resolveu convidar uns amigos para um almoço.

Depois do almoço enquanto as pessoas conversavam descontraídas na varanda da casa de frente para o mar, alguém falou com certa preocupação.

- Gente preste atenção em quem está vindo para cá. É o seu ex-marido. Falou outra pessoa. – Ta com uma foice na mão.

A preocupação e o medo tomaram conta de todos os presentes no local. Um já pegou em um cabo de vassoura para enfrentar o sujeito. Outro uma cadeira. E cada um tratava de pegar algum objeto para se defender.

Nesse meio tempo, um sujeito que já tinha tomado todas resolveu que só o diálogo poderia resolver a questão civilizadamente e foi de encontro ao sujeito.

- Meu amigo. Disse ele.

- A violência não leva a lugar nenhum, um dia se ganha outro se perde, você e um homem bom, e com certeza vai arrumar outra mulher, deixa seguir a vida dela e segue a sua, que vocês vão ser felizes.

O cara arriou a foice e disse para o bebum.

- Eu não estou entendendo nada do que você esta falando, mas sai da frente que eu vim aqui pegar o meus pés de salsa e cebolinha que eu plantei com muito carinho e não vou deixar para ninguém não.

E em seguida depois de arrancar carinhosamente a verdura foi embora, deixando todos os presentes boquiabertos.