terça-feira, 17 de maio de 2011

Das Dôres


DAS NEVES OU DAS DÔRES
 Como a Cláudia era uma mulher com pouco tempo para os afazeres domésticos depois que foi morar no Bairro de Santa Teresa (sonho de muitos alguns anos atrás e pesadelo de muitos agora) resolveu contratar uma empregada. Depois de uma conversa com a empregada da vizinha, ficou de entrevistar algumas candidatas no dia seguinte, um sábado.
As candidatas foram aparecendo logo de manhã cedo, para o desespero de Cláudia que detestava acordar cedo no fim de semana. Louca para voltar para cama, depois de fazer algumas perguntas a três candidatas, resolveu acabar as entrevistas e acabou escolhendo uma senhora cearense que era uma verdadeira figura, tipo aquelas que são personagens de programa humorístico, além do figurino engraçado, que mais parecia a Emília do sítio do pica-pau amarelo, a voz era bem rouca e com um sotaque nordestino bastante carregado.
Na segunda-feira antes das sete horas, a Maria das Neves já batia a porta carregando um menino pequeno no colo para começar seu dia.
- Dona Cráudia, eu trouxe meu menino hoje porque ele ta meio quentinho, mas amanhã não trago não.
- Pode deixar, hoje não tem problema dona Maria, entra que vou lhe dizer o que a senhora vai fazer.
- Obrigado dona Cráudia, mas pode me chamar de Das Neves.
A Maria das Neves era uma mulher com cinco filhos que fugiram da seca cearense e do marido violento, que quando bebia resolvia espancá-la sem dó nem piedade.  E veio com a cara e a coragem muito peculiar do povo nordestino.
Depois de dias de viagem, nas carrocerias de caminhões conhecidos como de paus de arara e coronas de caminhoneiros, chegou ao Rio de Janeiro e foi se instalar com a prima no Morro dos Prazeres em Santa Teresa.
- Prima! Estou aqui para começar uma nova vida, aquele desgraçado pai dos meus meninos nunca vai consegui achar a gente numa cidade tão grande com esta. Agora é só arrumar trabalho e escola para os meninos e pronto.
Mas a Das Neves estava totalmente enganada, seis meses depois o marido tinha vindo atrás dela. Depois de freqüentar algumas feiras de Tradição e Cultura Nordestina, finalmente conseguiu através de um conhecido que tinha namorado a prima da mulher, descobrir onde estava morando a sua mulher.
Nas primeiras semanas foi tudo uma maravilha, o cara arrumou trabalho num prédio e tinha parado com a cachaça, estava até freqüentando uma igreja, mas depois tudo desandou. As surras voltaram tanto na mulher como nas crianças. E a Das Neves chegou um dia no trabalho com um curativo na testa em forma de X, toda roxa e dolorida.
- O que é foi isso dona Maria? A senhora sofreu um acidente? Perguntou a Cláudia bastante assustada e preocupada.
- Foi meu marido que me bateu dona Craudia, mais eu também arrebentei ele, eu apanho, mas bato também, eu sou uma mulher muito macho.
- Não, não e não. Nós vamos à delegacia agora dar queixa dele. Ele não pode bater na senhora assim não.
- Dona Craudia, ele me bate, mas gosta de mim, olha como esse homem viajou sem saber ler e escrever para me encontrar, liga pra isso não, é briga de amor, ele também está todo machucado da surra de frigideira que dei nele. E a Maria das Neves já estava mais para Maria das Dores, já que quase sempre chegava gemendo ao trabalho.
 Passado algum tempo a Claudia resolveu dispensar a sua secretaria domestica mesmo sendo ela bastante trabalhadora, além da questão das confusões com o marido, a “Das Dores” havia transformado o apartamento numa verdadeira creche, já que levava os filhos todos para o trabalho. E mesmo sem nenhum contrato de trabalho ou carteira assinada, ela foi bem remunerada no ato da dispensa. E a ex patroa ainda lhe fez um grande favor contando para um policial amigo o drama em que vivia. No que fez o policial rapidamente pegar e levar o cearense para delegacia, e dar durante três dias uns corretivos no covardão. Depois disso nunca mais ele bateu na mulher. E o cara teve sorte de ainda não existir a Lei Maria da Penha.

2 comentários:

  1. So nós mesmo para aguentarmos estas doideiras,e com uma penca de filhos.kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  2. caro \julio, o comentário acima é de minha mulher regina que usou meu blog para fazer o comentário, mas eu concordo com ela e concluo, sua cronica esta o retrato do povo do nordeste aqui em nosso sudoeste, é preciso que saibamos a senha deles para não nos ferrarmos, tipo se voce usa o filho da puta para uma fechada no transito, e que nada tem haver com a mãe do motorista vizinho, mas se for um nordestino o condutor voce corre o risco de levar uma peixeirada na barriga por ter chamado de prostituta a mãe do motorista, por isso acho que cronica uma coisa de gostosamente voce conhecer costumes de outras plagas ou talvez pragas, rs, abração amigo

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