terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Ferreira Gullar



GRANDE POETA FERREIRA GULLAR

Caminhando pela Rua Sete de setembro me vi no reflexo da vitrine de uma loja, onde a minha cabeça estava abaixo de um dos vários chapéus expostos no qual cada um mais lindo que o outro. A me ver parado já há algum tempo, um senhor bem idoso saiu da loja e foi logo dizendo - Dezenove, seu número de chapéu é dezenove. Eu quando comprava chapéu, botava na cabeça e se estivesse bem encaixado eu levava, nunca soube que assim como camisa, calça e sapato, chapéu tinha numeração. Após provar um chapéu de cor cinza e um de cor marrom, eu fiquei encantado, e resolvi que um dos dois iria comigo para casa, e a partir daquela data faria parte do meu vestuário obrigatoriamente. Só que naquele dia o meu desejo teve que ser adiado devido a dois motivos: primeiro é que ambos os chapéus eram um numero acima do dezenove ficando um pouco largo, mas prontamente o senhor garantiu que resolveria este pequeno problema apertando a fita interna do chapéu, colocando-o assim na medida certa, o que foi logo descartado por mim, já que eu queria na minha medida, e o segundo motivo foi que tinha esquecido meu cartão de crédito, e o valor em questão estava além das minhas posses imediatas e essa compra seria adiada. E foi. Isto sem deixar antes bem claro que voltaria para comprar, mas tinha que ser na minha medida.
Um mês depois, mais precisamente no mês de Junho saí da minha cidade, e voltei ao Rio de Janeiro. O tempo estava chuvoso, e na hora caía uma chuvinha fina e fria, junto com o vento que fazia parecer mais frio do que estava, mesmo assim eu andava pelo centro da cidade, mas precisamente pela Rua São José em direção a uma loja de equipamentos fotográficos. Quando saí da loja, resolvi que aquele dia frio era o dia perfeito para comprar e sair logo usando o chapéu antes encomendado por mim.
Ao entrar na Rua Sete de setembro, me chamou atenção um senhor que para mim não era estranho e caminhava a minha frente, vestindo um, sobretudo super elegante e portando na mão direita um guarda chuva grande e preto. E que parou ao passar em frente à vitrine de uma livraria.
Chegando a chapelaria não encontrei o senhor que tinha me atendido antes, mas que não devia demorar, segundo me disse outro atendente da loja. Passado alguns minutos e após beber um cafezinho bem quente entra o senhor com algumas caixas de chapéus nos braços, e olhando para mim disse: - Os seus chapéus estão ti esperando, só um momento que vou atendê-lo.
Enquanto eu admirava aquele ambiente de muita elegância e extremo bom gosto, entra na loja o senhor do, sobretudo que eu tinha visto antes na rua. Cumprimentou todos com uma voz bem firme e começou a olhar todas as peças a venda com muito conhecimento e sabendo com determinação o que iria comprar.
Nesse meio tempo, chegaram nas mãos do velhinho os dois chapéus, e que com certeza um eu lavaria. Qual? Mas que dúvida cruel. Após experimentar ambos em frente ao grande espelho de cristal, resolvi que levaria o cinza, depois de um olhar de aprovação discreto, mas muito firme do senhor do, sobretudo.
Obrigado Poeta, foi um prazer enorme ti conhecer. 

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